Na semana que se comemora 21 anos de promoção da ciência e tecnologia no Brasil, destacamos a divulgação dos resultados da pesquisa O que os jovens brasileiros pensam sobre ciência e tecnologia – 2024. A apresentação aconteceu em maio na Casa de Oswaldo Cruz (COC) e foi transmitida ao vivo pelo YouTube, diretamente do campus Manguinhos da Fiocruz. O vídeo completo está disponível no canal da COC no YouTube.
O estudo, conduzido pelo Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), investigou as opiniões, interesses e atitudes de jovens brasileiros entre 15 e 24 anos. Esta pesquisa, a mais recente do INCT-CPCT, busca entender como esses jovens percebem e se relacionam com a ciência. Ela atualiza a pesquisa de 2019, levando em conta o impacto da pandemia de Covid-19 e os fenômenos de desinformação e negacionismo científico que surgiram durante esse período.
Sobre a survey
Dados da pesquisa indicam que os jovens brasileiros demonstram um interesse significativo e uma confiança elevada quando o assunto é Ciência & Tecnologia (C&T). No entanto, apenas 7% conseguem lembrar nomes de cientistas, e alguns mencionaram pessoas que não são, de fato, cientistas.
Os resultados também revelam desafios persistentes, como a baixa participação em atividades científico-culturais e obstáculos à democratização do conhecimento como o acesso precário à internet e fontes confiáveis de informação. A survey também investigou como os jovens consomem informações, lidam com a desinformação e suas percepções sobre a carreira de cientista.
“Em 2019 foi feito um primeiro estudo com esse mesmo enfoque e é importante dizer que os resultados representam a juventude brasileira e que com esse segundo estudo (em 2024) verificou-se que não há perda de confiança na ciência, em particular por parte dos jovens. Os resultados mostram que eles confiam e têm interesse pela ciência, mas não de uma forma cega, são pessoas críticas que estão pensando essa relação entre ciência e sociedade”, afirma a líder do INCT-CPCT e uma das coordenadoras do estudo, Luisa Massarani.
Segundo a pesquisadora, o estudo apresenta um retrato pós-pandemia, que permite perceber o impacto dos esforços direcionados à comunicação da ciência e à educação midiática, além de indicar desafios que permanecem e que devem ser considerados por educadores e gestores em suas ações para a área.
A survey destaca tanto aspectos positivos quanto áreas que necessitam de atenção, oferecendo uma visão abrangente das opiniões dos jovens brasileiros sobre ciência e tecnologia em 2024.
“Ouvir os jovens, entender o que eles pensam e como entendem a crise climática, o fenômeno da desinformação, como veem os cientistas e as instituições de pesquisa, é fundamental para que se possa construir uma política pública que represente o desejo dessa juventude, que quer cada vez mais espaço para decidir sobre os rumos da ciência e tecnologia no Brasil. Essa juventude entende que é necessário fazer uma ciência para mudar a vida das pessoas, para enfrentar as desigualdades sociais. E essa pesquisa traz números valiosíssimos de como eles querem participar, como estão antenados sobre ciência e tecnologia. É uma juventude que quer construir uma ciência que muda a vida das pessoas para melhor”, defende a diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Juana Nunes.
A apresentação do estudo contou com os pesquisadores; Luisa Massarani (INCT-CPCT/Fiocruz), Ildeu Moreira (UFRJ), Vanessa Fagundes (INCT-CPCT), Ione Mendes (INCT-CPCT) e Yurij Castelfranchi (UFMG/INCT-CPCT). Em seguida, foi realizado debate com a participação da diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Juana Nunes, e a editora chefe do portal Drauzio Varella e colunista do Viva Bem (UOL), Mariana Varella. Para mais informações, acesse aqui o resumo executivo da pesquisa.
Aspectos relevantes destacados pelas pesquisadoras do Observatório
Esse estudo é uma importante contribuição para os temas centrais do Observatório Juventude, Ciência & Tecnologia (OJC&T), porque seus resultados permitem aprofundar estudos de pesquisadores do Observatório e seus parceiros. Além disso, a pesquisa serve como uma possível parceria entre OJC&T e INCT-CPCT, dada a conexão com o público jovem e instituições que trabalham com juventude.
“O fato de que apenas 7% dos jovens conseguirem lembrar de nomes de cientistas, e alguns citarem pessoas que não são cientistas, revela um dado importante para o OJC&T, que pode, por exemplo, resgatar a série Profissão Cientista, produzida em 2015 e que está disponível na seção de mesmo nome do site. Além disso, o estudo aponta que esse público enfrenta obstáculos à democratização do conhecimento como o acesso precário à internet e fontes confiáveis de informação e o site do Observatório pretende ser referência para as juventudes no tema ciência e tecnologia e minimizar esse desafio social”, apontam as pesquisadoras e coordenadoras do OJC&T da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), Cristiane Braga, Rosa Neves e Telma Frutuoso.
Efeitos da pandemia de Covid-19: realizada em 2024, a pesquisa reflete os efeitos da pandemia, um período em que o debate público sobre ciência, negacionismo e pseudociência foi intensificado, abordando problemas graves com temas como falsos medicamentos, xenofobia e antivacinas.
Fontes de informação: a internet e as redes sociais são as fontes de informação mais significativas para os jovens em C&T, com 81% dos jovens utilizando-as frequentemente. A utilização de rádio e podcasts também cresceu, passando de 25% em 2019 para 45% na pesquisa mais recente. Esse dado é de grande importância para o OJC&T, pois indica os meios mais eficazes para se comunicar com o público jovem.
Confiabilidade metodológica: o estudo contou com uma amostra de 2.276 jovens com idade entre 15 e 24 anos, em uma amostra calculada por técnicas estatísticas - com metodologia survey -, que permite dizer que seus resultados são representativos da população jovem brasileira. Explicar essa confiabilidade metodológica é importante para reforçar a credibilidade dos dados e sua relevância para estudos futuros.
Importância para a educação e políticas públicas
A pesquisa "O que os jovens brasileiros pensam sobre ciência e tecnologia – 2024" oferece uma visão clara sobre o que a juventude do Brasil espera e pensa sobre ciência e tecnologia. Mostra que os jovens estão interessados e confiam na ciência, mas também enfrentam desafios para acessar e participar de atividades científico-culturais.
Esses dados são essenciais para gestores, educadores e comunicadores planejarem ações que promovam mais participação dos jovens na ciência e incentivem o acesso ao conhecimento. O estudo também aponta a internet e redes sociais como as principais fontes de informação para esse público, o que destaca a importância de adaptar as comunicações para esses meios.
O estudo reforça a necessidade de uma ciência mais conectada com a realidade dos jovens e seu papel na construção de um futuro mais inclusivo.
Traduzindo o que é uma survey
Método de pesquisa amplamente utilizado em pesquisas de opinião pública, de mercado e, atualmente, em pesquisas sociais que, objetivamente, visam descrever, explicar e/ou explorar características ou variáveis de uma população por meio de uma amostra estatisticamente extraída desse universo. Semelhante ao Censo, o método survey distingue-se do primeiro justamente por sua característica amostral, na qual "as conclusões descritivas e explicativas obtidas pela análise são […] generalizadas para a população da qual a amostra foi selecionada” (BABBIE, 1999, p. 77).