
De 10 a 14 de fevereiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou sua Imersão no Verão 2025, com atividades distribuídas em seus diferentes campi e regionais. O evento reuniu meninas do ensino médio e profissionais para debater temas ligados à ciência, inclusão, gênero, tecnologia, diversidade e saúde feminina.
No campus Manguinhos, o evento recebeu 200 jovens da rede pública do Rio de Janeiro, com o objetivo de aproximar as estudantes das áreas de ciência, tecnologia e saúde. A programação ofereceu atividades variadas, incluindo debates, visitas a diferentes unidades e laboratórios da Fundação, além de rodas de conversas e atividades diversas.
Abertura do eventoO evento teve início no Centro de Recepção do Museu da Vida com o credenciamento das participantes e uma apresentação do Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz, pela Coordenadora do Programa Mulheres e Meninas na Ciência, Cristina Araripe. Na sequência, a coordenadora do Provoc da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e representante do Programa Mulheres e Meninas, Cristiane Braga juntou forças com a cientista Giovanna Machado, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que discutiu as possibilidades sobre os caminhos para futuras cientistas. À tarde, no Auditório de Bio-Manguinhos/Fiocruz, as estudantes participaram de uma roda de conversa sobre ciência e gênero, após a exibição do documentário "Nossas Lutas, Nossas Vozes" produzido pelo CLAVES/Ensp, coordenado pela pesquisadora Vera Lúcia Marques e sua equipe.
As atividades do primeiro dia foram encerradas com a apresentação do jogo de tabuleiro Ciclo do Poder criado pelas pesquisadoras, Cynthia Dias e Flávia Carvalho, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Renata Maia e Tânia Zaverucha, do Instituo Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Carolina Spiegel, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em seguida, o debate girou sobre dignidade menstrual e os projetos da Fiocruz voltados para a saúde feminina com o objetivo de discutir o assunto que, ainda é visto como tabu por algumas meninas.
Para Emilly Amancio, a experiência foi mágica: “experimentei coisas que talvez eu não tenha oportunidades graças a esse Programa. A Fiocruz tem aberto portas para mulheres e meninas, mostrando que as oportunidades vão muito além do mercado de trabalho e ressignificando nossas vidas. E eu como menina negra posso ser uma agente transformadora, levando a informação aonde ela não chega”, defendeu a estudante da Faetec de Quintino.
Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência
No dia 11 de fevereiro, data escolhida em 2015 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para celebrar Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, foi para falar dos desafios e conquistas delas.
A mesa de abertura contou com a participação do presidente da Fiocruz, Mario Moreira e de mulheres importantes, como Cristiani Vieira Machado (vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação), Hilda Gomes (Coordenadora de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas), Mychelle Alves (Comitê de Pró-Equidade de Raça e Gênero da Fiocruz) e Luciana Lindenmeyer (diretora de Administração e Finanças da Asfoc - sindicato nacional).
Em seguida, as meninas assistiram ao vídeo-documentário - que acabou de sair do forno - produzido pela CDC/Vpeic e VídeoSaúde/Icict com direção e roteiro das pesquisadoras, Beatris Duqueviz e Daniela Muzi sobre o Programa Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz. A programação continuou com as meninas participando da roda de conversa “Conquistas e desafios do Mais Meninas na Ciência: inclusão, diversidade e interseccionalidade”, que contou com as pesquisadoras, Mychelle Alves (Comitê de Pró-Equidade de Raça e Gênero), Juliana Krapp (Icict?Fiocruz), Maria Aparecida dos Santos (Consultora de Programa de Acessibilidade, Inclusão e Diversidade - Pessoa com deficiência) e Juliana Manzoni (COC).
Para encerrar o dia, as estudantes participaram de visita guiada ao Castelo Mourisco e à Cavalariça, no campus Manguinhos. Para Rute Martins, a instituição é um horizonte distante; “eu tinha muita curiosidade de conhecer a Fiocruz. É tudo muito interessante e não é tão acessível para a gente”, afirma a estudante do Ciep Togo Renan Soares Kanela, Campo Grande.
Desenvolvendo habilidades científicas
Durante a semana, outras atividades foram registradas em diferentes espaços da Fiocruz. O OJC&T acompanhou algumas e traz aqui alguns registros.
Na quarta-feira, dia 12, a pesquisadora Isabela Cabral Felix de Sousa, do Laboratório de Iniciação Científica na Educação Básica (Lic-Provoc) e as Pós-graduandas em Ensino em Biociencias e Saúde da Fiocruz, Bruna Navarone e Caroline Gonçalves receberam cinco meninas para uma conversa sobre trajetórias de pesquisa e inserção de mulheres na ciência.
A atividade incluiu a leitura de um texto e uma reflexão em torno da questão de gênero. Para a pesquisadora Isabela, esse programa é importante porque muitas dessas alunas moram distante e dificilmente terão oportunidade de conhecer a Fiocruz. “Eu me vi quando tinha 19 anos vindo à Fiocruz. Essa vivência nos faz ver que existem outras oportunidades fora de nossos bairros e das situações que nossos familiares contam. E envolvi minhas mestranda e doutoranda, Caroline e Bruna, respectivamente, por serem mais jovens e as meninas poderem se ver mais perto delas pela faixa etária e se inspirarem”, afirmou Isabela.Na quinta-feira, dia 13, acompanhamos um grupo no campus Maré. As meninas participaram de vivências no laboratório de Imunofarmacologia, sob a orientação das pesquisadoras Tatiana Maron, Gina de Castro Couto e Aryella Couto Correa (egressa do Programa de Vocação Científica (Provoc) da EPSJV/Fiocruz). As jovens puderam experienciar na prática uma manipulação com célula e ainda levaram uma lembrancinha desses momentos para casa. Para a estudante Beatriz Vasconcellos, da escola Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, a experiência na Imersão está confirmando a escolha dela; “Eu nunca tinha estado na Fiocruz e conhecer o Castelo, os laboratórios é uma experiência incrível. Tenho muita vontade de fazer Biologia e essa vivência está aumentando meu desejo”, afirmou a jovem de ensino médio.
Na manhã da sexta-feira, dia 14, o Núcleo de Tecnologias Educacionais em Saúde (Nuted) da EPSJV/Fiocruz recebeu um grupo de seis alunas para uma atividade focada em desenvolver um jogo de tabuleiro sobre divulgação científica. As pesquisadoras Cynthia Dias e Flávia Carvalho orientaram as participantes sobre os passos envolvidos na criação de um jogo e como investigar os impactos desse jogo na área da saúde. Para as pesquisadoras Cynthia e Flávia foi surpreendente, “as meninas foram muito receptivas e algumas até contribuíram com informações importantes para o jogo de unidade básica de saúde. Algumas delas até demonstraram interesse em trabalhar com jogos para divulgação em saúde. Foi muito incrível estar com essas meninas”, concluíram as pesquisadoras.
Inovação tecnológica em pauta
Na parte da tarde, a atividade na Escola Politécnica teve a participação da pesquisadora Érica Lopes, do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da EPSJV/Fiocruz, que apresentou o projeto "Evolução das Tecnologias Menstruais". A apresentação trouxe reflexões sobre os avanços tecnológicos no campo da saúde feminina. “No início as meninas ficam retraídas, mas depois se soltaram e perguntaram muito. É um aprendizado mútuo, a gente aprende muito também, porque surgem perguntas que não pensamos. Elas são muito interessadas e curiosas”, observa a Érica.
Balanço da Imersão no Verão 2025
Após cinco dias de atividades e experiências, a "Imersão no Verão 2025" se consolida como um evento de grande relevância na formação de futuras cientistas e na promoção da igualdade de gênero e raça nas áreas de ciência e tecnologia. As estudantes tiveram a oportunidade de ampliar seus horizontes, conhecer mais sobre ciência e saúde, e refletir sobre o desenvolvimento de projetos, ações em diversos campos de conhecimento e a ampliação desses espaços para mulheres e meninas.