Ciências da Saúde

Muitas vezes confundida com as ciências biológicas, a ciências da saúde também estudam a vida mas com um foco maior em doenças e a busca pelo bem-estar. Possui uma atuação direcionada para a busca por diagnósticos, tratamentos e no acompanhamento da saúde de pessoas e animais.

Compreende os cursos de medicina, enfermagem, farmácia, odontologia, nutrição, saúde coletiva, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e educação física. O profissional da área precisa ter afinidade com pessoas, atenção ao detalhe e ser meticuloso.

A EDUCAÇÃO FÍSICA promove a saúde pela prática esportiva e condicionamento físico. Profissionais dessa área elaboram exercícios para pessoas de todas as idades, de acordo com a capacidade de cada um e com o ambiente em que vivem. Por isso, a EDUCAÇÃO FÍSICA preocupa-se não apenas com a saúde do corpo humano, mas também com a saúde mental, coletiva e emocional dos indivíduos.

A EDUCAÇÃO FÍSICA surgiu na Grécia antiga, por volta de 386 a.C. Na época, a disciplina estava incluída na Academia de Platão, considerada a primeira escola de Filosofia do mundo ocidental. Seus objetivos? Realizar atividades, exercícios e fazer dietas que harmonizassem o funcionamento do corpo humano e também o caráter dos cidadãos.

Os ideais gregos passaram pela civilização ocidental e inspiraram filósofos do Iluminismo, que defendiam a prática da EDUCAÇÃO FÍSICA como uma das fontes para uma vida saudável. No entanto, apenas após a passagem de duas Guerras Mundiais a prática de exercícios físicos se tornou popular – e obrigatória – em instituições de ensino do Brasil e do Mundo.

Historicamente voltada para o ambiente escolar, a EDUCAÇÃO FÍSICA tem hoje um papel muito mais diversificado. Entre seus objetivos de pesquisas, destacam-se estudos de saúde de trabalhadores e saúde pública, práticas especiais para pessoas com deficiência, biomecânica do esporte (que analisa a locomoção do corpo), entre outros.

A ENFERMAGEM é a ciência cujo objetivo é o cuidado com o ser humano em seu âmbito individual, familiar e comunitário. Para tanto há o desenvolvimento de atividades que promovam a prevenção, promoção, reabilitação e restauração da saúde.

A história da enfermagem, em seus primórdios, estava relacionada à maternidade. No século XIX, Florence Nigthingale estruturou o modelo de assistência, após trabalho na Guerra da Crimeia.

Em seu exercício profissional, o enfermeiro pode atuar diretamente na assistência ao paciente; na gestão dos serviços de saúde; na coordenação das atividades dos técnicos e auxiliares de enfermagem; na docência e na pesquisa acadêmica.

União da Medicina com a Química, a FARMÁCIA estuda a composição e confecção de medicamentos, cosméticos e até mesmo substâncias de alimentos industrializados. Profissionais dessa área não só devem ter conhecimentos sobre a estrutura de elementos químicos, como precisam conhecer a fundo as reações que eles provocam no organismo. Além de disciplinas como Química e Biologia integrarem o currículo, Matemática, Fisiologia e Farmacologia também estão na grade.

Formados em FARMÁCIA podem atuar como farmacêuticos em laboratórios, diferentes tipos de indústrias, e claro, drogarias. São esses profissionais que examinam, preparam e testam as substâncias para remédios, cosméticos, produtos de higiene e alimentos. Para isso, eles realizam diversas pesquisas com matérias-primas minerais, vegetais e animais com objetivo de encontrar os melhores compostos necessários para criação de medicamentos e outros compostos.

Desde os antigos boticários da Babilônia até as grandes redes de drogarias, a FARMÁCIA já passou por diversas inovações. Desde os primórdios da humanidade, já se conheciam as propriedades medicinais das plantas, especialmente por meio do método de tentativa e erro. Posteriormente, o manejo de tais substâncias vegetais ficou por conta de médicos ou até mesmo religiosos como padres, que usavam o misticismo para estimular cura. As primeiras farmácias, conhecidas como boticas, surgiram primeiramente no mundo árabe antigo. Elas não vendiam apenas remédios, mas uma variedade de produtos como vinhos, alimentos e perfumes.

Apesar de Luiz XV ter sido o primeiro monarca a usar o termo 'farmacêutico', em 1777, apenas no século XIX a FARMÁCIA foi reconhecida como disciplina científica. Até então, poucos tinham acesso a medicamentos. Mas surgiram novas pesquisas na área, especialmente em fisiologia e toxicologia. Em 1804, por exemplo, o farmacêutico alemão Friedrich Sertürner isolou a morfina e suavizou dores de muitos pacientes. E com a chegada das duas Grandes Guerras Mundiais a FARMÁCIA transformou a área de vez, e os medicamentos passaram a ser fabricados em escala industrial.

A FISIOTERAPIA reúne técnicas para prevenção e tratamento de doenças ou lesões no corpo, causadas por acidentes e problemas de postura ou até mesmo má-formação genética. No currículo acadêmico da área, estudantes encontram disciplinas de Ciências da Saúde e devem estudar o sistema motor, respiratório, cardíaco, neurológico e muscular-esquelético para diagnosticarem distúrbios no organismo.

Os profissionais de TERAPIA OCUPACIONAL também tratam lesões físicas, mas lidam com a recuperação em um contexto social, mental e até mesmo emocional dos pacientes. Terapeutas ocupacionais trabalham especialmente com crianças, idosos e pessoas com deficiência, proporcionando-lhes facilidade dos movimentos motores e qualidade de vida no dia a dia.

Muitas das técnicas adotadas por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais são aplicadas hoje por intermédio de equipamentos especiais que facilitam os movimentos do corpo, enrijecendo músculos e ossos. Entretanto, técnicas aplicadas na água, ou que usam a variação de temperatura para aliviar dores já eram usadas desde a Grécia Antiga, quando Hipócrates preocupava-se com a postura, os movimentos dos músculos e do tórax durante respiração.

No início do século XX, com o avanço da Medicina e outras Ciências da Saúde, a FISIOTERAPIA e a TERAPIA OCUPACIONAL passaram a ganhar cursos de graduação e serem incluídas nas pesquisas acadêmicas. Alguns dos primeiros grandes estudos na área foram feitos durante tratamento da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil – hoje já erradicada no Brasil. Viral e altamente contagiosa, a pólio atingia o sistema nervoso de milhares de crianças, levando-as para tratamentos especiais com fisioterapeutas para que recuperassem movimentos.

Para cuidar da voz, fala e seus distúrbios, a FONOAUDIOLOGIA atua em ramos da saúde e da educação. Profissionais dessa área trabalham com a comunicação em um sentido amplo: diagnosticam, tratam e previnem as alterações na voz, linguagem e audição, além de dificuldades de mastigação e ingestão de alimentos.

O fonoaudiólogo está sempre em busca de novas tecnologias que auxiliem tratamentos e firma parcerias com profissionais de outras áreas a fim de aprimorar ainda mais seu trabalho, tais como: linguistas, fisioterapeutas, psicólogos, otorrinolaringologistas e neurologistas. A FONOAUDIOLOGIA também se interessa pela relação do contexto social e psicológico dos indivíduos com os problemas de fala, bem como estuda novas linguagens para pacientes com distúrbios de audição.

A FONOAUDIOLOGIA surgiu com a necessidade de reabilitação de indivíduos com distúrbios de comunicação. Os primeiros estudos científicos apareceram em meados da década de 1920 e ganharam impulso após o psicólogo suíço Jean Piaget criar a Teoria Cognitiva – sobre a definição das fases do nosso desenvolvimento presente na memória, movimentos, entre outros. Nos Estados Unidos, outro psicólogo, Burrhus Skinner, realizou experimentos sobre o comportamento humano, com destaque para as influências no comportamento verbal.

No Brasil, os primeiros cursos de FONOAUDIOLOGIA foram inaugurados na década de 1950 e os profissionais passaram a estudar e analisar a fundo os problemas da fala e audição, bem como realizar pesquisas científicas. Em 1960 surgiu em Recife o Instituto Domingos Sávio, criado para educar e reeducar crianças surdas.

A MEDICINA é a ciência que estuda a saúde como um todo. Seu objetivo é prevenir e combater doenças, manter a qualidade de vida e promover o bem-estar, seja ele individual ou coletivo. Difere-se, de acordo com aspectos culturais e religiosos de determinados povos e regiões do planeta, mas em sua essência, se preocupa com a cura das doenças.

O trabalho do médico possui duas principais vertentes: a da pesquisa e a da clínica. Em atividades de pesquisa o profissional usa seus conhecimentos a fim de descobrir as causas, os agentes e o tratamento de determinadas doenças. Na vertente clínica o médico está em contato direto com paciente e investiga os melhores tratamentos para as doenças.

Apesar de os primeiros registros remeterem ao Antigo Egito, o grego Hipócrates (460 – 377 a.C.) foi quem levou o título de “pai da MEDICINA”. Intelectual, buscava compreender o funcionamento do organismo humano e procurava respostas para diagnosticar doenças de seus pacientes. Já durante a Idade Média, a queda do Império Romano espalha no Ocidente o cristianismo, com sua própria concepção sobre a vida e as doenças.

A MEDICINA, então, desenvolveu-se principalmente durante o século XIX, quando cientistas como o francês Louis Pasteur descobrem que muitas enfermidades são causadas por seres vivos minúsculos – os micro-organismos. Já no século XX destaca-se a invenção da penicilina pelo médico britânico Alexander Fleming. Ele não só reduziu a mortalidade de soldados durante a I Guerra Mundial, como também levou o Prêmio Nobel de MEDICINA em 1945 por dar início à era dos antibióticos. Desde então, aliada à tecnologia, a carreira evolui de maneira cada vez mais eficiente e surpreendente.

A NUTRIÇÃO é uma ciência que estuda as relações entre os alimentos e nutrientes ingeridos pelo ser humano e possíveis estados de saúde e doença.

Até meados do século XVIII não havia muito conhecimento sobre os alimentos. Devido a isso, atribuía-se um caráter místico a estes. Desde a segunda metade do século XVII e ao longo do século XIX, graças a iniciativa de Antoine Lavosier, iniciaram-se os estudos de respiração, oxidação, calorimetria relacionados à utilização da energia proveniente dos alimentos. Desde o século XX, iniciou-se a era dos estudos biológicos dos alimentos, da interação de seus nutrientes com a promoção da saúde.

O trabalho do nutricionista reside, majoritariamente, na orientação de uma alimentação adequada, a fim de manter o organismo em equilíbrio e saudável. Este trabalho pode ser desenvolvido em hospitais, escolas, restaurantes e afins. Há de se destacar também a atuação na indústria alimentícia.

Área que estuda a saúde bucal, a ODONTOLOGIA vai muito além do cuidado com o sorriso. Profissionais que escolhem a carreira diagnosticam e tratam doenças da boca e todo o seu sistema, composto pelos dentes, cavidades e até mesmo ossos da face e do pescoço. Podem também tratar cáries, fazer extrações e intervenções cirúrgicas, corrigir a mastigação, problemas estéticos e até mesmo solucionar distúrbios do sono.

Na área acadêmica, graduados em ODONTOLOGIA encontram diferentes possibilidades de pesquisas. Elas podem ser integradas a outras disciplinas da saúde, como medicina e nutrição. Há, por exemplo, avanços tecnológicos em pesquisas com câncer de boca e cirurgias de lábio leporino e fenda palatina – fissuras que surgem no céu da boca, ainda na gestação.

Como as dores nos dentes sempre afetaram o bem-estar dos seres humanos, os primeiros registros da história da ODONTOLOGIA remetem ao século 7 mil a.C, quando hindus (habitantes da atual Índia) criaram os primeiros artefatos para realizar extrações. E imagine que até o século XVI, as barbearias também serviam como consultórios. Dentes doentes eram removidos lá mesmo, com equipamentos bastante rudimentares e sem anestesia.

O primeiro médico dedicado à ODONTOLOGIA foi o francês Pierre Fauchard. Em 1723 ele lançou a obra 'O Cirurgião Dentista: o tratamento dos dentes', com descrições detalhadas de tratamentos e práticas de extrações. Cinco décadas depois, surgiram as primeiras 'cadeiras de dentistas'. Feitas de madeira, elas já acoplavam os equipamentos na lateral. E apenas em 1840 surgiu em Baltimore, Estados Unidos, a primeira escola de ODONTOLOGIA – que até hoje recebe futuros dentistas.

Com a chegada do século XX e das novas tecnologias, a área evoluiu ainda mais. Foram inventadas as anestesias e os dentistas também passaram a se preocupar com a prevenção. Próteses, pontes, coroas, obturações e escovas de dentes passaram a ser comuns nos consultórios e fazem parte do cotidiano da profissão até hoje – incluindo ainda o uso de lasers e aparelhos ortodônticos.

A SAÚDE COLETIVA é uma área de conhecimento multidisciplinar construída na interface dos conhecimentos produzidos pelas ciências biomédicas e pelas ciências sociais. Dentre outros, tem por objetivo investigar os determinantes da produção social das doenças com o fito de planejar a organização dos serviços de saúde.

Em meados da década de 1970, os limites de acesso de grande parte da população brasileira aos serviços públicos de saúde desencadearam a organização de um movimento político responsável por um conjunto de reivindicações e pela formulação de princípios que fundamentaram a reforma sanitária brasileira. A universalização do acesso e a descentralização da gestão dos serviços de saúde marcam a organização do Sistema Único de Saúde do país.

O profissional formado em Saúde Coletiva pode gerir unidades de serviços de saúde, desenvolver propostas de políticas e ações que visem à promoção da saúde pública, e atuar na docência e na pesquisa acadêmica.

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